quarta-feira, 13 de julho de 2016

Ela é muito(s)



Mirtes era a vizinha. Mirtes era mais.(!)
Morava na casa em frente. Devia roçar os 18, 5 anos a mais que eu. Como bem sabia, talvez sem ter consciência, ela dominava a cena noturna que se passava as 21 horas. Todas as noites, com exceção dos sábados dedicados à visitar a avó com seus pais, ela resplandecia em sua "cena única" de fechar a janela. Nunca algo foi igual aos cabelos de Mirtes sendo encurralados por seus dedos que o jogavam de lado a lado pouco antes da janela de seu quarto se fechar. Ninguém teria a capacidade de fazer igual a cerimônia  de eternos minutos para então olhar-me e mostrar que sabia ser  admirada. Uma nesga! Um quinhão! Uma pitada! Uma quase nada que era tudo. Mirtes sabia... deveria saber. Mirtes habitava a casa da frente e meus sonhos adolescentes. 
Todo dia encontrava-a no ponto de ônibus quando passava de carro com a família. Ela e seus quase metro e meio distribuídos em mais de 80 quilos. Detalhes! Realidade em excesso? Esta era a Mirtes vizinha, que em nada ameaçava a Mirtes das 21 horas. Noturna!Deusa Nix
Desde lá descobri que uma pessoa é muitos!