Sebástian mora no mesmo prédio. Vez ou outra nos encontramos na recepção ou no elevador. Lugares públicos do condomínio. Nãos nos visitamos. Ele, sempre altivo e falante, comenta da vida e pergunta-me coisas, demonstrando curiosidade.
Escuto o que tem a dizer. Respondo de forma econômica suas indagações. Seu interesse em compartilhar me comove. Não o suficiente para que eu compartilhe mais do que me pede.
Soube que Sebástian se mudou. Saiu às pressas, por necessidade do destino que matara a sua mãe. Vi no escaninho a sua carta que iniciava com os dizeres: "Ao melhor amigo" e contava da urgência de sua troca de cidade.
O recepcionista, nesse mesmo dia, disse que Sebástian falava de minha pessoa com deferência. Que eu o escutava e que minhas palavras eram sábias.
Fiquei surpreso! Foi aí que me ocorreu: Sebástian sempre me visitou. E, o mais impressionante, sempre me achou "em casa", mesmo quando eu não estava lá.