A morte como narradora das cenas que se passam no enredo do
livro “A menina que roubava livros” apresenta um paradoxo deveras interessante.
A morte, digna representante do irrepresentável, do real que se impõe apesar
das palavras, é autora de histórias que bem mostram como os “fins” engendram a
novidade. Por mais que passe desapercebido, como se fosse um fluxo contínuo e
retilíneo da mesmidade, o novo se impõe pelos efeitos que produz e que só podem
ser reconhecidos, portanto significados, a partir de novas representações, no “só
depois”. A morte como narradora mostra a partir de seu papel como o fim e o
início são interdependentes. Abrir mão de ter controle absoluto sobre uma
continuidade ou desfecho, dá lugar ao desenlace impulsionado pela “novação”. A
grande história da segunda guerra mundial, cenário do livro, é sustentada por muitas
outras histórias. São muitos inícios e fins que constituem o início e fim deste grande conflito.
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